Pentatlo pronto para estrear nos Jogos de Londres

Modalidade inicia disputas no torneio neste sábado, 11, com os homens. O Brasil estará representado por Yane Marques, que compete no domingo, às vésperas da Cerimônia de Encerramento

Chegou a vez do Pentatlo Moderno nas Olimpíadas de Londres. Depois de 18 dias desde a primeira competição, a modalidade inicia suas disputas nos Jogos para ser a responsável por entregar as últimas medalhas do torneio, duas horas antes da Cerimônia de Encerramento dos Jogos. Quem vai dar a largada são os homens, que entram em cena neste sábado, 11. As mulheres encaram suas provas no domingo, 12, e a brasileira Yane Marques é uma delas.

A pernambucana entrou na Vila Olímpica da capital inglesa nesta quarta-feira, depois de duas semanas de aclimatação na Itália. Desde que conquistou sua vaga para a competição, ao ser a melhor a melhor sul-americana no Pan de Guadalajara, em outubro passado, no México, ela iniciou um cronograma intenso de preparação para os Jogos.

Na temporada pré-olímpica, Yane participou de três das quatro etapas da Copa do Mundo, da Final do torneio, onde conquistou o bronze, em maio, na China, do Mundial, e do Campeonato Francês, onde se sagrou campeã, em julho. A pernambucana também fez um camp training de 10 dias para dar ênfase à esgrima em Portland, no estado norte-americano de Oregon.

"Eu só quero ter a certeza de que estarei em plena forma na competição. Sei que o esforço é grande por causa do ritmo intenso de treinamento que faz com que eu tenha pouco tempo para descansar e evitar lesões”, analisa a pentatleta.

Figurando no terceiro lugar do ranking mundial da União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM), o melhor resultado de uma pentatleta sul-americana na história da modalidade, Yane mantém os pés no chão na hora de falar da possibilidade de conquistar o ouro, a prata ou o bronze em sua segunda Olimpíada.

"Um pódio em Londres seria o reconhecimento de uma série de esforços de muita gente. Há muitas mãos segurando uma medalha olímpica", afirma Yane, que ficou em 18º nos Jogos de Pequim, há quatro anos, na China.

A brasileira já conhece as instalações nas quais competirá em Londres. No ano passado, ela era uma dos 72 pentatletas participantes da Final da Copa do Mundo, que foi realizada na capital inglesa, como preparação para os Jogos. Apesar de algumas mudanças terem sido implementadas de lá pra cá, a pernambucana consegue fazer uma avaliação sobre as disputas que estão próximas.

"Vai depender de quem tem mais firmeza no tiro, especialmente porque quando você chegar até ele, já estará cansado, e quem tiver mais frieza na esgrima para saber o momento certo de atacar”, visualiza Yane.

Em seus nove anos como pentatleta, a brasileira acumula o ouro no Pan do Rio (2007), a prata em Guadalajara (2011), um vice-campeonato na Final da Copa do Mundo (2009), um vice-campeonato nos Jogos Mundiais Militares (2011), duas medalhas no Mundial Militar da categoria – um ouro (2007) e uma prata (2007) -, o tricampeonato Pan-Americano da categoria (2007, 2009 e 2010), um Campeonato Norceca (2009), seis medalhadas sul-americanas – sendo um pentacampeonato (2004, 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009) e uma prata (2007) -, além das conquistas deste ano.

Duelo de titãs

Em Londres 2012, o Pentatlo Moderno completa 100 anos no programa Olímpico. Além da importante data, a modalidade tem outros destaques na capital inglesa. Lá, o evento combinado de tiro e corrida e a pistola a laser farão sua estreia em uma disputa Olímpica do esporte.

Os 72 pentatletas que vão competir – 36 para cada gênero – vão presenciar de perto esses fatos de tamanha relevância para a modalidade. Todos eles vão passar pelas cinco provas do esporte em três arenas: Copper Box (esgrima), Centro Aquático (natação) e Greenwich Park (hipismo e evento combinado de tiro e corrida).

Dentre os 72 competidores, estão campeões e vice-campeões Olímpicos, medalhistas de bronze, os atuais campeões mundiais, além dos dois número um do ranking mundial. Serão 26 países representados – um a menos do que em Pequim -, abrangendo todos os continentes.

Destes, Alemanha, Bielorrússia, China, Hungria, Inglaterra, Itália, Rússia e Ucrânia estão com o time completo, com dois pentatletas em cada disputa.

“A hegemonia em qualquer atividade explica-se pelo trabalho, pelos meios, pela capacidade de detecção e acompanhamento dos talentos, pela qualidade do enquadramento, pela experiência e renovação competitiva. Por isso, é natural que os favoritos sejam sempre desses países mais conceituados”, explica José Maria Santos, diretor-técnico da UIPM.

A atual campeã Olímpica é uma das que representam este seleto grupo. A alemã Lena Schoneborn, quarta do ranking mundial, chega a Londres querendo manter o título conquistado em Pequim. Aos 26 anos, ela acumula em seus 12 anos de pentatleta, seis medalhas em etapas da Copa do Mundo – cinco ouros e uma prata -, o bicampeonato na Final do torneio (2010 e 2011) e três medalhas no Mundial – sendo um vice-campeonato Mundial (2007) e dois bronzes (2009 e 2010).

"Ir a uma Olimpíada é a coisa mais importante para um atleta de alto rendimento. Ganhar uma medalha e ainda mais um ouro é uma sensação que não pode ser substituída, não importa se é a primeira ou a segunda vez”, conta Schoneborn.

A alemã promete entrar na disputa para tentar repetir o feito obtido há quatro anos. “A cerimônia de premiação e a abertura são as coisas que eu mais me lembro de Pequim e chego a me emocionar quando eu penso nelas. Por isso, será um grande momento se eu puder experimentá-las de novo”, diz.

Schoneborn detém dois recordes na modalidade. Um deles é o mundial de maior pontuação em uma competição (5.600), obtida no Campeonato Europeu de 2011, realizado na cidade inglesa de Medway. O outro é o recorde olímpico da esgrima, com a marca de 28 vitórias e apenas sete derrotas na conquista do ouro em Pequim.

E se o assunto é recorde olímpico, a ucraniana Victoria Tereshuk não fica atrás de Schoneborn. A pentatleta de 31 anos é a mais rápida da modalidade até hoje. Dona do recorde mundial do evento combinado de tiro e corrida, cravou 10min50s no Mundial de 2011, na Rússia. O resultado foi coroado com o ouro na competição.

Além da boa marca do ano passado, a ucraniana chega a Londres com o bronze conquistado em Pequim na memória. Nos 14 anos que está na modalidade, já foi vice-campeã Mundial (2006), vice-campeã da Final da Copa do Mundo (2003), campeã do Mundial Militar da categoria (2006) e conquistou cinco medalhas em etapas da Copa – um ouro e quatro pratas.

"Acredito que em Londres, a campeã possa ser qualquer uma. Quanto a mim, nunca penso com antecedência. Como muitos atletas, sou um pouco supersticiosa", prefere não arriscar Tereshuk, que vai para a sua terceira Olimpíada. "A sensação é como se eu estivesse indo para a primeira”, diz.

Completando o trio de medalhistas olímpicas do Pentatlo Moderno em Londres está a letona Elena Rublevska. Aos 36 anos, a pentatleta é a mais experiente da disputa feminina e leva na bagagem a prata conquistada em Atenas 2004.

Completando 20 anos como pentatleta em 2012, Tereshuk tem dois bronzes no Mundial (2000 e 2005), seis medalhas em finais da Copa do Mundo – três pratas (2000, 2004 e 2007) e três bronzes (2005, 2008 e 2010), três em etapas do torneio, um bronze nos Jogos Mundiais Militares (Rio 2011), um tetracampeonato no Mundial Militar da categoria (2002, 2004, 2008 e 2010), além de um bronze na competição (2006).

“Qualquer prêmio não se compara às realizações pessoais no esporte, mas desistiria de todas as medalhas que tenho por mais uma olímpica”, revela a pentatleta.

Yane, Schoneborn, Rublevska e Tereshuk vão enfrentar a forte torcida local de Mhairi Spence. A inglesa faz sua estreia nos Jogos e chega com embalo para tentar um lugar no pódio. A pentatleta deu um salto para ocupar a segunda colocação no ranking mundial da UIPM graças ao ouro no Mundial deste ano.

Aos 27 anos de idade, 10 na modalidade, além do atual título Mundial, Spence ainda tem outras cinco medalhas em etapas da Copa do Mundo – duas pratas e três bronzes.

"Todos nós sonhamos ganhar um título com a torcida a seu favor. Eu ter conquistado o Mundial deste ano talvez signifique que eu tenha me tornado uma ameaça para as minhas adversárias. Até porque as 18 medalhas disputadas na modalidade neste ano foram conquistadas por 14 pentatletas diferentes”, analisa a inglesa.

Quem também está no embalo de conquistar sua primeira medalha olímpica é a lituana Laura Asadauskaite. A pentatleta de 28 anos compete em Londres como a número um do ranking mundial, posição alcançada depois do ouro na Final da Copa do Mundo deste ano.

Para chegar ao topo da modalidade foram precisos 10 anos na modalidade e um amadurecimento vindo de várias conquistas. Tudo graças ao vice-campeonato Mundial em 2009, aos bronzes na competição (2007 e 2011), à prata na Final da Copa do Mundo de 2011, ao bronze em etapa do torneio e ao segundo lugar no Mundial Militar da categoria em 2006.

"Nos Jogos, a pressão não vai aliviar nem por um segundo. Embora esta seja minha segunda Olimpíada, ainda me sinto muito emocionada pela ida ao torneio, porque é sempre preciso mostrar o melhor que puder, e, claro, ter a sorte do seu lado”, diz a lituana, que ficou em 15º em Pequim.

Russo em busca do tricampeonato olímpico

Brasil, Alemanha, Letônia, Ucrânia e Lituânia são cinco dos 23 países que estarão presentes na disputa feminina do Pentatlo Moderno em Londres. Do continente americano, além de Yane Marques estão as norte-americanas Margaux Isaksen (ouro em Guadalajara 2011) e Suzanne Stettinius, a mexicana Tamara Veja (bronze em Guadalajara) e as canadenses Melanie Mccann e Donna Vakalis.

“O Pentatlo Moderno nas Américas está em um bom nível de desenvolvimento, mesmo com poucos recursos e pouca tradição. Isso é fruto de muito trabalho”, afirma o diretor-técnico da UIPM, José Maria dos Santos.

Na disputa masculina, onde o Brasil não terá competidores, o continente estará representado pelo mexicano Oscar Soto (ouro no Pan de Guadalajara), o guatemalteco Andrei Gheorghe (Prata no México), o chileno Esteban Bustos (bronze) e o norte-americano Dennis Bowsher.

Serão 24 países atrás das três medalhas de ouro, prata e bronze. Os olhares vão estar atentos ao russo Andrei Moiseev, que busca seu tricampeonato Olímpico. Se subir no lugar mais alto do pódio, o campeão de Atenas 2004 e Pequim 2008 vai se tornar o maior campeão olímpico do Pentatlo Moderno. Hoje, ele iguala a marca do sueco Lars Hall de dois ouros nos Jogos (Helsinque 1952 e Melbourne 1956).

Aos 33 anos de idade, 21 deles dedicados ao Pentatlo Moderno, Moiseev compete em Londres como o segundo melhor do mundo, de acordo com o ranking mundial. Sua vitrine de títulos é extensa. São três medalhas em Mundial (ouro em 2011, prata em 2012 e bronze em 2005), uma prata na Final da Copa do Mundo (2001) e sete em etapas do torneio (três ouros, três pratas e um bronze).

"Tive poucas semanas de preparação desde que comecei a focar os Jogos. A primeira foi a mais difícil e dura por causa da intensidade. Ainda estou me preparando", conta o russo, que é dono do recorde olímpico da prova da esgrima depois de 26 vitórias e nove derrotas no seu bicampeonato em Pequim.

Moiseev terá um conterrâneo como forte adversário. Na sua cola está Alexander Lesun, atual número um do mundo. Nove anos mais novo do que Moiseev (24), Lesun subiu no pódio nas últimas três edições do Mundial (ouro em 2012, prata em 2010 e bronze em 2011). Ele ainda tem um vice-campeonato da Final da Copa do Mundo (2011) e cinco medalhas em etapas do torneio (dois ouros, uma prata e dois bronzes).

Moiseev e Lesun são dois dos pilares da forte tradição russa no Pentatlo Moderno. Atualmente, do TOP 5 da modalidade no ranking mundial, quatro posição são ocupadas pelo país. Desde Sidney 2000, o campeão Olímpico vem da nação euroasiática.

"Temos uma atmosfera muito amigável. Todos são atletas muito fortes e estão prontos para se dedicarem ao esporte. Nosso sucesso é o resultado de muitas horas de treinamento em conjunto”, diz Lesun.

Prontos para derrubar a hegemonia dos russos estão o húngaro Adam Marosi (quarto no ranking mundial), o sul-coreano Jinhwa Jung (bronze no Mundial deste ano), o chinês Zhongrong Cao (bronze na Final da Copa do Mundo deste ano), o tcheco David Svoboda (vice-campeão Mundial em 2008 e 2009) e os italianos Riccardo De Luca (atual campeão Europeu) e Nicola Benedetti.

Os horários das disputas em Londres
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