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Pentatlo faz 100 anos de Olimpíada em Londres

11/07/2012 10h31
CBPM


Modalidade estreou nos Jogos em Estocolmo 1912; Brasil teve seu primeiro pentatleta na competição 24 anos depois, em Berlim 1936

Os Jogos de Londres ainda nem começaram e o Pentatlo Moderno, que terá suas disputas iniciadas daqui a exato um mês (11 de agosto), já tem muito a comemorar. Com a edição da competição na Inglaterra, a modalidade completará 100 anos no programa olímpico. Desde a estreia em Estocolmo 1912 (Suécia), o esporte se aperfeiçoou e mostra ao Comitê Olímpico Internacional (COI) que se torna centenário com corpinho de 20.

Praticado desde as Olimpíadas da Antiguidade, a modalidade foi totalmente modificada para fazer parte dos Jogos da Era Moderna. Se antes, os atletas disputavam as provas de corrida, salto, lançamento de dardo e de disco e luta, depois, passaram a encarar a esgrima, natação, hipismo, tiro e corrida.

O idealizador dessas mudanças foi o Barão Pierre de Coubertin. O francês já tinha deixado sua marca no esporte mundial ao dar origem às Olimpíadas da Modernidade, que teve sua primeira edição em 1896, em Atenas (Grécia). No mesmo contexto, ele também foi o responsável pela criação do COI, se tornando seu primeiro presidente de 1896 a 1925.

“Consta que o Barão de Coubertin, ao criar o Pentatlo Moderno, inspirou-se na lenda de um soldado encarregado de levar uma mensagem. Ele teria iniciado sua viagem à cavalo, lutado contra assaltantes usando espadas, se infiltrado em campo inimigo a tiros, atravessado um rio nadando e cruzado um bosque correndo”, conta Helio Meirelles, presidente da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM).

Em Estocolmo 1912, o Pentatlo Moderno era um dos 14 esportes presentes – Londres 2012 conta com 26. A primeira disputa envolveu 32 pentatletas de 10 países, apenas com a categoria masculina – as mulheres estrearam nos Jogos apenas em Sidney 2000. O país anfitrião conquistou as três medalhas em jogo.

O aproveitamento de 100% da Suécia na modalidade se repetiu em Antuérpia 1920 (Bélgica) e Paris 1924 (França). Em Amsterdã 1928 (Holanda) e em Los Angeles 1932 (EUA), o país europeu só não levou o bronze, ganho por Alemanha e Estados Unidos, respectivamente.

Após 22 edições em 100 anos de Olimpíadas, a Suécia divide a liderança com a Hungria no quadro geral das 108 medalhas entregues pela modalidade até hoje. Os dois países têm 21 medalhas conquistadas, sendo nove ouros para cada. O desempate favorece os húngaros que têm oito pratas contra sete dos suecos. A antiga União Soviética (URSS) é a terceira da relação com 15 medalhas, cinco de cada.

“O Pentatlo Moderno nestes países tem uma representação diferenciada, pois desde os primórdios eles incorporaram o conceito de ‘atleta mais completo das Olimpíadas’. Ao contrário do Brasil, que gravita em torno da inédita medalha de ouro no futebol, neles, os pentatletas são lendas do esporte e seus campeões são cultuados como grandes ídolos e símbolos para as crianças e jovens, principalmente na Hungria e na Rússia. Nos últimos tempos, a Suécia deixou de percorrer esta trajetória”, analisa o presidente da CBPM.

Brasil entra em cena

Nos seus primeiros 36 anos de existência, o Pentatlo Moderno foi organizado pelo próprio COI. A partir de 1948, com a fundação da União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM), a federação passou a regular o esporte, o que segue até hoje.

O primeiro presidente da UIPM foi um ex-medalhista olímpico. Trata-se do sueco Gustaf Dyrssen, ouro em 1920 (Antuérpia) e prata em 1924 (Paris). Ele ainda ganhou mais uma prata competindo como esgrimista em 1936 (Berlim).

“A criação da UIPM seguiu o modelo de gestão de outras modalidades olímpicas não tão antigas como o Pentatlo Moderno, mas que possuíam um número expressivo de atletas praticantes em muitos países. Ter uma entidade internacional representativa do esporte é uma ferramenta importante para o desenvolvimento da modalidade, principalmente nos tempos atuais quando o grande espetáculo das Olimpíadas representa sistema de qualificação quase sempre complexo para os atletas e as grandes somas envolvendo patrocínio”, visualiza Helio.

O Brasil teve seu primeiro pentatleta em uma Olimpíada em Berlim1936. Na primeira edição alemã dos Jogos, o país esteve representado por três nomes na modalidade: Anísio Rocha, Guilherme Catramby e Rui Pinto Duarte.

Até Tóquio 1964, o Brasil teve pelo menos um representante na competição. O melhor desempenho brasileiro até hoje aconteceu em Helsinque 1952 (Finlândia), quando o país foi o sexto na disputa por equipes – que estreava nos Jogos – e 10º na individual com Eduardo Medeiros.

Além do décimo colocado, a delegação olímpica brasileira do Pentatlo Moderno em 52 contou com Aloysio Borges e o Coronel Eric Tinoco Marques. O militar foi o primeiro campeão Pan-Americano de Pentatlo Moderno, conquistando o ouro na estreia do Pan, em 1951, em Buenos Aires (Argentina).

Graças ao feito, o Coronel Eric Tinoco dá nome ao Centro Nacional de Pentatlo Moderno (CNPM), no Rio de Janeiro. A área esportiva foi construída em 2007 pelo Ministério do Esporte para o Pan na capital fluminense e hoje abriga o centro de treinamento da Confederação Brasileira na cidade.

“Até 1960, em Roma, o Brasil sempre competiu nas Olimpíadas com três pentatletas. Na edição japonesa dos Jogos, quatro anos depois, fomos representados apenas por José Wilson Pereira, que participava de sua segunda Olimpíada. Depois de Tóquio, ficamos sem representantes por exatos 40 anos”, relembra Helio.

O jejum de quatro décadas foi quebrado pela norte-americana naturalizada brasileira Samantha Harvey e pelo gaúcho Daniel Santos. Em Atenas2004 (Grécia), ela terminou a competição no 25º lugar e ele em 29º.

Em Pequim 2008 (China), Yane Marques foi a única pentatleta brasileira competindo. A pernambucana terminou a competição em 18º. Agora em Londres 2012, vai para a sua segunda Olimpíada.

100 anos de renovação

O Pentatlo Moderno que será visto em Londres tem poucas semelhanças com o que se viu na estreia da modalidade nos Jogos, em Estocolmo, há 100 anos. As mudanças ao longo desse um século de existência ocorreram nas mais variadas formas.

Uma das primeiras foi a inclusão da disputa por equipes, a partir de Helsinque 1952. Além do título individual, os três melhores pontuadores de cada país tinham suas notas somadas para decidir quais nações ficariam com o ouro, a prata e o bronze por equipes.

Na estreia do evento, a Hungria levou a melhor (ouro), seguida da Suécia (prata) e da Finlândia (bronze). A disputa por equipes durou até Barcelona 1992 (Espanha), quando foi abolida.

"Atualmente, algumas competições internacionais de Pentatlo são organizadas com a competição por equipe, na versão revezamento, relay, em inglês. Nos campeonatos mundiais, disputados anualmente, há a obrigatoriedade de inclusão do relay feminino e masculino, tendo três atletas a compor cada equipe. Seguindo uma tendência de outras modalidades, a UIPM está realizando um trabalho intenso para que o relay misto, um homem e uma mulher formando a dupla, seja incluído na programação dos Jogos de 2016. Diversas competições internacionais já estão sendo organizadas com mais um dia de competição para contemplar o relay misto que teve o seu marco inaugural os Jogos Olímpicos da Juventude, disputados em 2010, em Cingapura", destaca Helio.

De todas as transformações da modalidade, uma das mais importantes diz respeito ao número de dias de disputas nos Jogos. Até 1980, eram cinco, com uma modalidade em cada dia. De 84 a 92 passaram a ser quatro, com a corrida e o tiro ou a natação e o tiro no mesmo dia. Já em Atlanta 1996 (EUA), as disputas das cinco provas se concentraram em apenas um dia, seguindo assim até hoje.

Quatro anos depois, mais uma importante mudança da modalidade: a inclusão das mulheres na disputa. Nessas três edições dos Jogos com participação feminina, o ouro mudou de país a cada edição. A inglesa Stephanie Cook foi a campeã em Sidney 2000, a húngara Zsuzsanna Vörös em Atenas 2004 e a alemã Lena Schöneborn em Pequim 2008.

O Pentatlo Moderno também tem conquistado, junto ao COI, um número cada vez maior de atletas nas últimas Olimpíadas. Em 1996, eram apenas 32 na disputa masculina. Em 2000, foram 48 (24 homens e 24 mulheres) e em 2004, 64 (32 para cada gênero). Desde 2008, são 72 pentatletas, 36 para cada disputa.

"O crescimento organizado do número de vagas permitiu que o sistema qualificatório fosse aprimorado, resultando em um perfil de atletas classificados para os Jogos mais equilibrado, contemplando todos os continentes", observa Helio.

Em Londres 2012, o Pentatlo Moderno chega com duas recentes novidades: a criação do evento combinado de tiro e corrida e a pistola a laser.

Antes, a prova de tiro era a primeira da disputa e, desde 2009, acontece por último, intercalada com a corrida. O pentatleta dá a largada, faz uma série de cinco acertos de tiro e percorre mil metros. Ele repete a sequência mais duas vezes até finalizar a prova e o dia de disputas.

“O combinado foi resultado de diversos estudos e testes conduzidos pela UIPM no sentido de tornar o Pentatlo mais dinâmico de modo a ter uma melhor avaliação da mídia e do público, que só aparecia para ver as provas decisivas, o hipismo e a corrida”, avalia Helio, acreditando que o COI viu as modificações introduzidas de forma positiva. “O COI passou a estar muito atento às modalidades que se preocupam em se modernizar, tornando-se mais atrativa”, completa.

Em 2010, o advento da pistola a pistola a laser na prova de tiro deu ainda mais dinamismo às disputas do Pentatlo Moderno. O artefato tecnológico, que substituiu as antigas pistolas de ar comprimido e chumbinho, passou a garantir preciosos segundos na prova, além de anular o risco de acidades com a arma. Ainda mais no passado, a pistola usava bala como munição.

“A pistola a laser seguiu a mesma estratégia de impressionar o COI com tecnologia super moderna. O formato evento combinado com o laser e com o público podendo assistir a evolução dos acertos no tiro, inclusive com a utilização de telão, deixou o Pentatlo com a cara de garotinho e não de centenário”, brinca Helio.

Como acontece com tudo que é novo, houve uma certa resistência por parte dos técnicos mais antigos e de alguns atletas de ponta em relação às novidades da modalidade nos últimos anos. Mas hoje, com o sucesso diante da mídia e do público, ninguém se atreve a propor o retorno do formato original.

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